O Mar!
Cercando prendendo as nossas Ilhas!
Deixando o esmalte do seu salitre nas faces dos pescadores,
roncando nas areias das nossas praias, batendo a sua voz de encontro aos montes,
… deixando nos olhos dos que ficaram a nostalgia resignada de países distantes …
… Este convite de toda a hora que o Mar nos faz para a evasão!
Este desespero de querer partir e ter que ficar! …
— Poema do Mar, Jorge Barbosa

Mediunidade intuitiva

A intuição é uma das faculdades comuns à espécie humana, variante da mediunidade: varia de pessoa para pessoa, atendendo a que cada criatura tem a sua sensibilidade em conformidade com o seu grau de evolução.

Existem duas correntes distintas que se cruzam ininterruptamente no espaço que envolve o planeta Terra: a do Bem e a do mal – as pessoas que pensam bem são bem-intencionadas e, consequentemente, pertencem à primeira; as que pensam mal, à segunda, uma vez que não se pode ser neutro.

O sucesso ou o fracasso de cada um está na sua maneira de pensar. A pessoa é o que pensa. Quem pensa bem, bem atrai e quem pensa mal atrai o mal, porque a lei de atração universal é infalível e imutável, como todas as leis naturais.

As pessoas bem-intencionadas são pólos de atração das Forças Superiores, cujos espíritos estão sempre predispostos a ajudar os encarnados, uma vez que lá do seu mundo de luz sabem tudo o que ocorre no planeta Terra, e a sua missão é concorrer para o bem geral dos espíritos encarnados.

Há pessoas atentas às intuições: pressentem o que virá acontecer no futuro, o que é normal para os estudiosos da Doutrina. Toda a gente é dotada de mediunidade intuitiva, mas, muitas vezes ela fica adormecida no subconsciente, precisando de algo para despertá-la. Torna-se necessário estudar com a devida atenção, a fim de que se possa tirar o máximo proveito das lições que ela prodigaliza a todos.

O estudo e a reflexão são primícias indispensáveis para o desenvolvimento humano. À medida que se vai esclarecendo, o espírito encarnado vai ganhando cada vez mais brilho, e as mazelas caem por falta de uso, e os instrumentos que cada criatura traz em potencial despertam para auxiliá-la nas lutas a travar na Terra, tornando-as menos penosas e mais eficazes na conquista de novos esclarecimentos, cada vez mais elevados, com os vetores orientados para a evolução como corolário do Bem.

Os estudiosos desta doutrina ficam pesarosos vendo os seus irmãos em essência a sofrer, perdendo encarnações por falta de esclarecimento espiritual, investindo e agenciando todo o seu tempo na aquisição de bens materiais, muitas vezes de origem ilícita.

O esclarecido sabe que os bens materiais são efêmeros, transitórios e fugazes, servindo apenas de apoio, de suporte ao espírito encarnado na sua caminhada na Terra.

O tempo é precioso, mas curto na vida humana, uma simples passagem pela ponte terrena, logo não deveria ser desperdiçado em coisas malsãs e ilusórias. Tempo perdido é irrecuperável, é como as águas da ribeira que não remontam à nascente.

Como exemplo da intuição, temos Joana D'Arc, que aos 19 anos, campesina, analfabeta e pastora, como instrumento dócil do Astral Superior, ascendeu a general-chefe e salvou a França.

Militantes do Racionalismo Cristão, nomeadamente médiuns de incorporação, deverão ter sempre pensamentos bem direcionados, evitando ser assediados pelas intuições dos espíritos do astral inferior com mistificações. A boa predisposição mental e física dos componentes das correntes nas sessões públicas ou particulares é a garantia da eficácia dos ingentes trabalhos a efetivar-se pelo Astral Superior. Portanto, muita atenção na formação física das correntes.

Mediunidade intuitiva
Por Martinho de Mello Andrade
O autor é Militante da Casa Racionalista de Mindelo - Cabo Verde.